E DEU DONS AOS HOMENS
Neste domingo, as Assembleias de Deus, iniciarão mais um trimestre, com uma lição que já foi aplicada no ano de 2014, que discorre sobre os Dons Espirituais e Ministeriais.
A primeira lição com o título “E Deu Dons aos Homens” tem por objetivo geral afirmar a atualidade dos dons na vida da igreja. A lição é dividida em três tópicos principais que tem por objetivos específicos declarar que os dons espirituais são atuais e bíblicos; analisar os dons de serviço, espirituais e ministeriais e informar que a igreja de corinto era problemática na administração dos dons; buscando com isso afirmar a atualidade dos dons e provar a sua biblicidade.
Considerando o primeiro tópico, a prática profética, sacerdotal e de governo no Antigo Testamento é de chamamento exclusivo para alguns, ou seja, quando alguém recebia algum dom, antes do recebimento e no ato do recebimento, havia uma prova exclusiva e fundamental para isso, que era a unção do escolhido por Deus. Esta unção era ritualizada por um representante de Deus como forma de confirmação. Parece que essas confirmações eram realizadas de forma objetiva, onde não se havia dúvida por parte, não só, do escolhido, como também do povo de Deus.
Ainda no Antigo Testamento, Joel, profetiza que: “E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus velhos sonharão, e os seus jovens terão visões” (Joel 2:28).
Ainda no Antigo Testamento estabelece-se uma promessa de um derramar do Espírito. Observe que a palavra escolhida para a descida do Espírito é “derramar”, como se o Espírito fosse um líquido, que não tivesse forma e nem unidade rígida, simbolicamente mostra a imprevisibilidade, corroborando quando a Bíblia diz que o vento sopra onde quer, você ouve o barulho que ele faz, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito (João 3:8). Assim a água equipara-se ao vento, no entanto, há ainda, no texto de Joel 2:28 uma espécie de democratização do Espírito, quando o texto, diz que o Espírito seria derramado sobre (em cima) de TODA A HUMANIDADE. A água tem a capacidade de penetrar e se infiltrar onde o sólido não pode entrar. No derramar tem-se a ideia de líquido. A partir disso, podemos refletir que a palavra TODA é inclusiva, e inclui todos os seres humanos. No Antigo Testamento Deus tinha os seus “escolhidos”, os seus iluminados, mas no próprio Antigo Testamento há uma promessa que isso seria temporário e o acesso ao Espírito Santo em um tempo futuro estaria disponível para todo mundo.
No Novo Testamento temos Pedro evocando Joel, a saber: Mas o que está acontecendo é o que foi dito por meio do profeta Joel: “E acontecerá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus jovens terão visões, e os seus velhos sonharão. Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.” (Atos 2:16-18).
Pedro lembra da promessa de universalização do Espírito Santo, e recita Joel, que inclui os dons de profecia (ouvir a voz), visões (clarividência), sonhos (ver e ouvir), relaciono a significação entre parentes não querendo delimitar a amplitude significativa dos termos, mas somente para fins didáticos. A universalização da promessa inclui homens e mulheres (seus filhos e as suas filhas), é para jovens, é para idosos. Pedro ainda nos diz que: Porque a promessa é para vocês e para os seus filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar (Atos 2:39).
Pedro traz nesse trecho a dimensão temporal, incluindo a noção de distância e vocacional, quando diz “para TODOS aqueles que o Senhor, nosso Deus, CHAMAR. Esta última palavra parece restringir a noção prometida de universalização, como esta em Joel 2.28, pois Pedro condiciona o recebimento do Espírito a um chamado, neste prisma, evidencia-se que se há um chamado é porque haverá pessoas que não serão chamadas, o que conflita com a promessa, em primeira instância.
Mas ao retomarmos o texto de Joel, lá, há um esclarecimento, quando o texto diz: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor CHAMAR.” (Joel 2:32). Pedro fala de uma realidade e a profecia de Joel inclui duas realidades, enquanto Pedro fala de dons, Joel fala de dons e salvação. Este chamado, parece que se refere ao recebimento da Salvação e não ao recebimento dos dons.
Isso é reforçado quando o texto diz que TODO aquele que INVOCAR o nome do Senhor será salvo. A partir desse texto pode-se afirmar que esse TODO inclui somente os que invocarem, ou seja, o texto, restringe a salvação a quem invocar o nome do Senhor.
Isso se evidencia em João, quando registra a palavra de Jesus Cristo quando diz: para que TODO o que NELE CRÊ tenha a vida eterna (João 3:15). A salvação deste TODO está condicionada a CRER em Jesus. A vida eterna, no texto, é sinônimo de salvação. Assim só é salvo quem crer nele. O Texto de João traz essa ideia novamente quando diz: Porque Deus amou o MUNDO (a humanidade inteira) de tal maneira que deu (um presente, um dom) o seu Filho unigênito, para que TODO o que NELE CRÊ não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). Veja que a salvação é restritiva e condicionante. Para ser salvo, deve-se observar uma regra que é CRER em Jesus.
Jesus disse que as manifestações espirituais seriam seguidoras dos que CRESSEM. Em Marcos está registrado as palavras de Jesus: “Estes sinais acompanharão aqueles que creem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e sentou-se à direita de Deus. E eles foram e pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.” (Marcos 16:17-20). Veja que para ser Salvo é necessário INVOCAR e CRER em Jesus, e os dons são afirmados por meio da crença. A MANIFESTAÇÃO dos dons requer preliminarmente a CRENÇA.
Certa época “enquanto Jesus ainda falava, veio uma pessoa da casa do chefe da sinagoga, dizendo: — A sua filha já morreu; não incomode mais o Mestre. Mas Jesus, ouvindo isto, lhe disse: — Não tenha medo; apenas creia, e ela será SALVA. Tendo chegado à casa, Jesus não permitiu que ninguém entrasse com ele, a não ser Pedro, João e Tiago, além do pai e da mãe da menina. E todos choravam e a pranteavam. Mas Jesus disse: — Não chorem; ela não está morta, mas dorme. E riam-se dele, porque sabiam que ela estava morta. Mas Jesus, tomando-a pela mão, disse em voz alta: — Menina, levante-se! Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou, e Jesus mandou que lhe dessem de comer. Seus pais ficaram maravilhados, mas ele lhes advertiu que a ninguém contassem o que havia acontecido (Lucas 8:49-56). Jesus não permitiu que ninguém ficasse na casa a não ser aqueles que poderiam crer nele, mesmo assim, havia energia negativa na casa (quando riram dele). A falta de crença impede a manifestação dos dons, uma certa vez Jesus não pôde fazer nenhum milagre, a não ser curar uns poucos doentes, por causa da incredulidade do povo (Marcos 6:5; Mateus 13:58).
Voltando ao caso da menina, vemos que Jesus não disse que ela ressuscitaria, mas que ela seria SALVA. Nisto há um mistério que envolve salvação e manifestação dos dons. A manifestação ocorre em um ambiente de credulidade. Para que os dons se manifestem deve ser em um ambiente obrigatoriamente de credulidade e obediência irrestrita. Jesus, antes de ascender, disse aos discípulos para permanecerem em Jerusalém, até que, do alto, fossem revestidos de poder. Os discípulos creram e obedeceram, a crença inclui a obediência.
É salutar dizer que porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos (Mateus 22:14). Isso se dá porque os dons estão disponíveis para todos, mas para ter acesso a ele é necessário crer em quem os dá. Dons são presentes, se há presente, há obrigatoriamente o presenteado e o presenteante. Para crer em dons é preciso crer que ele foi recebido, é preciso crer que ele foi dado por alguém, nisto está a delimitação e o fator humano em ação, o livre-arbítrio não é anulado pelo fato da universalização dos dons.
Assim é possível chegar há algumas conclusões:
- Os dons são para toda a humanidade irrestritamente;
- Para receber os dons é preciso crer, obedecer e buscar;
- Para os dons se manifestarem é preciso que eles sejam exercitados em um ambiente de credulidade.
Resolvidos esses problemas ainda há outros maiores, que serão enumerados aqui:
- Como saber que dom Deus me deu?
- Qual é a prova real do recebimento de um dom autentico de Deus?
- Como testar?
- A prática dos dons é restrita a igreja local ou abrange outras comunidades eclesiais?
- Como os dons se manifestam na vida (corpo, alma) do mediador? É por meio de sentimentos, emoções, sensações? Há a presença de transe ou o mediador permanece em um estado de plena consciência? A voz que se ouve, é realmente uma voz, ou é uma influência intuitiva? A voz ela é de outrem, vem de fora e entra pelos ouvidos ou ela é a própria voz do mediador?
Em relação aos dons espirituais e ministeriais acho que a maioria dos problemas se dá na prática dos dons e não na formulação teórica. Os manuais de teologia pentecostais ou evangélicos não dão contam das perguntas acima relacionadas. Como na igreja de Corinto os problemas dos dons são mais práticos do que teóricos, mas a teoria até hoje, não se preocupou muito em objetivar os fenômenos de manifestação dos dons. Talvez por falta de motivação quando lembram que “O vento sopra onde quer”, mas isso não anula a manifestação. Ao longo de quase dois mil anos de igreja a experiência histórica já registrou todas as questões acima, cabe a nós levar isso a sério. Se todos esses fatos fossem considerados, muito do que é subjetivo na esfera evangélica já seria anulado, porém a área espiritual é séria e requer esforço e dedicação, mais que acadêmica, para desbravar suas revelações e respeitar os seus mistérios.
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